segunda-feira, 9 de abril de 2012

Ao meu rapaz, da sua menina.

Eu definitivamente não estava esperando por você. Só vagava por paixões sem esperar nada delas. Quando você virou aquela esquina, segui em frente sem nem ao menos imaginar o que viria em seguida. Eu não te conhecia. Sabia quem você era, mas não quem você se tornaria. Foi a primeira vez que eu ouvi a sua risada, a primeira vez que eu sorri ao te ver rir.
Eu sempre fui confusa, sempre me achei meio "gauche na vida". Sempre tentei me definir, sempre me procurei. E veio você pra me pegar no colo e me aquietar, ver que eu não era assim tão complicada, que eu só precisava de alguém pra me achar. E eu me achei, meu bem. Você acalmou minhas inseguranças, você gostou de mim apesar dos meus defeitos. Eu não precisei ser a mais bonita, nem a mais inteligente. Eu só precisei ser eu mesma. Eu pude ser retardada, não precisei esconder nada - você só me abraçou e me aceitou. Que nem o Seu Turcão fazia, que nem o Seu Bruno faz.
Foi mútuo, foi intenso, foi bonito. Num precisava de explicação alguma, mas precisava de descrição. Eu precisava registrar que achei os braços que eu precisava, os beijos que me faltavam. E se você continuar segurando minha mão, me protegendo, me fazendo rir e ficando acordado comigo, eu vou estar bem. Eu vou continuar bem.

quarta-feira, 14 de março de 2012

No mais a gente fica com aquele ar perdido, fica distraído. Fica olhando as gotas caírem do chuveiro e se esquece do que ia fazer, do porque de estar ali. E bate aquela vontade besta de ler tudo que o Chico já escreveu sobre o amor, pra ver se ele - se pelo menos ele - explica o que é que tá no peito da gente. E a gente sorri à toa, e o dia é mais colorido, mesmo quando tá nublado. E os ponteiros atropelam o tempo que a gente passa junto e freiam o tempo que a gente tá separado. A gente deita e sente que falta do sorriso, dos braços, dos beijos.
Sabe o que é? A gente fica bobinho, num acha nada ruim, esquece das coisas. Fica tentando ler um livro enquanto só tá querendo mesmo um abraço, não informação. E tenta matar a saudade, tenta preencher o vazio. Fica naquilo de "vou fugir de casa", me espera, meu bem. Fica naquela de que quando a gente tá amando num precisa de teto, nem de comida: só precisa dele.

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

Eu não sou - nem tenho a pretensão de ser - poeta. Compartilho deles apenas os motivos de escrever: é que as palavras esmiuçam aquilo que aflige o peito e bagunça as ideias. E aí é que nos diferimos: se as palavras poéticas enfloram, encantam, enaltecem sentimentos, as minhas estraçalham coisas que eu tento, quase sempre sem sucesso, não sentir. Porque eu prefiro teorizar; prefiro escrever pra não sofrer; prefiro ser livre pra não decepcionar. Não sirvo pra protagonizar histórias bonitinhas, não sirvo pra ser a artista - só sirvo pro roteiro. Não que às vezes eu não chame atenção, eu só acho que há de haver algo mais profundo que a beleza pra que prestem atenção em mim. Então, até que eu tenha algo útil pra dizer, eu vou me escondendo nos cantos, me calando, vou deixando minha timidez me aquietar. Mas vou observando, destilando e, obviamente, criticando. Porque, ao contrário de muitos, eu me assumo com meus mil defeitos: pareço anêmica, ando descabelada, rio de bobagens e sou mal educada. Mas eu sou assim mesmo, sou feita de decepções, de arrependimentos e de inúmeras rejeições - que acabei tornando minha força motriz.

Bobagens.

Eu acho que por hoje vou ficar aqui mesmo, deitada na mesinha sob a janela. Podia dizer que tá chovendo, que as gotas estão escorrendo pela janela embaçada, mas não tá. O dia tá normal, as pessoas estão normais. Só a gente que não. Eu devia ir à feira hoje, mas não estou realmente com vontade de comer kiwis. Não é que eu te odeie, você só me deixou triste. Não é que eu não te ame mais, eu só não esperava isso, só tô decepcionada.
É engraçada essa história de tristeza: a gente fica sentado, lembrando de quando tava melhor. E há uma hora eu estava tão bem... Tentei dar um sorriso agora, mas ele se desmanchou tão rápido que parece que eu me esqueci como é que se é feliz. Já reparou como o Jack White parece ainda mais foda quando a gente tá mal? Eu nem sei mais porque que eu tô aqui, acho que passou. Pro raio que o parta essa história toda, vou à feira que preciso de uns kiwis.

quarta-feira, 19 de outubro de 2011

"Venha sim"

Passada a cólera, conclui desgostosa que todo o circo era fruto de uma mentira. Ou contada aos outros, ou a mim. Mas eu sabia que quem lhe conhecia era eu. Afinal, quantos mais ultrapassaram tua muralha, atingiram teu íntimo, ouviram teus desabafos? Diga-me ao menos se dói, ao fim do dia, tua consciência. Nem ao menos um pouco arrepende-te de prestar-te a esse papel? Explica-me como irá agir quando tornar-se insuportável sustentar sua imagem? Que há de fazer quando esgotarem-se suas piadas? Como agirá quando ser agradável não lhe bastar? Voltará a mim com palavras doces, fingindo estar arrependido? Dirá que sente muito, que quer deitar-te ao meu lado e ouvir um disco do Chico? E quando precisar de alguém mais profunda? Só mais uma coisa, se o Chico me permitir copiá-lo: "Quando talvez precisar de mim, cê sabe que a casa é sempre sua, venha sim. Olhos nos olhos, quero ver o que você diz. Quero ver como suporta me ver tão feliz".

quinta-feira, 11 de agosto de 2011

Diário dos desajustados.

Cabelo preto, sem tinta, all star sujo e nenhum sorriso. Só mais uma meio a todos os "mais uns". Palavras contidas, sentimentos destroçados, sonhos ironizados. Os fones de ouvido confortam quem não pode ser calada, quem não pode ser virgem, quem não pode ser atéia. Quem tem que saber física, ser amiga de todos e frequentar todas as baladas. A verdade é que não se deve sofrer porque isso é coisa de gente fraca. Não se pode chorar porque isso é coisa de emo.Na verdade, é tudo aparência, mas o manual de etiqueta é quem dita as regras. No mais, jamais se esqueça que a sua essência necessita, essencialmente, ser esquecida.

segunda-feira, 4 de julho de 2011

Brincava com a caneta bic na boca, sem mordê-la, enquanto meus olhos estavam fixos no velho escudo do Botafogo na parede branca. Era o tempo quem ocupava minha cabeça. São segundos e segundos, meses e meses, décadas e décadas. É um constante ter e não mais ter, amar e não mais amar, confiar ou nem ao menos conversar. São desejos de voltar às risadas - patéticas, mas espontâneas - nas antigas tardes que, ao fim, valeram mais que as aulas de matemática da época. São textos e mais textos praguejados, chorados, odiados, pretensos a arrumar um culpado, definir um alvo. Até o dia apático no qual admite-se que tudo flui, que nada é capaz de parar-nos de fato. Que, por mais que sintamos raiva e saudade, o difícil é concluir que a razão das suas lágrimas fez-te chorar porque contribuiu. Contribuiu para sua personalidade, para seus sonhos e para seus momentos de vastos pensamentos, como o de agora, no qual você já está mordendo, mesmo que de leve, a tampa da sua caneta bic.