quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

Seu Turcão, camisa seis.

Seu Valdívio era botafoguense roxo. Nasceu, segundo ele, “no mesmo ano ou um ano depois do Nílton Santos”. Viveu a era gloriosa do time da estrela solitária, viu jogar Jairzinho, Amarildo e Manga. Turcão passou para seus herdeiros não somente valores éticos e morais, mas também a paixão pelo alvinegro. Falava com saudosismo do fatídico primeiro treino de Garrincha, da frieza de Quarentinha e do “Príncipe Etíope”, o grande Didi. Assim como a do Botafogo, nossa trajetória foi cheia de altos e baixos. Algumas derrotas, várias glórias. Ele tinha seus defeitos, suas atitudes radicais, mas era íntegro. Era um homem de fibra e de valores. De raça, como o Bota.
Seu maior ídolo talvez tenha sido Nílton Santos. A semelhança entre ambos transcede a data de nascimento: meu avô tinha a mesma elegância que caracterizou o eterno camisa seis. Além disso, tinha aquele ar sábio, aquela experiência que só quem muito andou possui. Por isso, creio que ele também era uma “Enciclopédia”. Mas, acima de tudo, o traço mais marcante de todos foi a fidelidade. Assim como Nilton – que permaneceu no Botafogo até o fim de sua carreira -, Valdívio Aidar foi leal aos seus filhos, seus netos, seus pais e à Dona Luzia, até o último dia de sua vida.
Portanto, fica aqui meu singelo adeus, em preto e branco, àquele que criou as bases do que eu sou agora. Que me ensinou a valorizar o conhecimento, a família e até mesmo o nosso time. Que foi, indiscutivelmente, um marco em minha vida. E, de hoje em diante, o Botafogo será, para nós, um elo. Um elo tão indestrutível quanto o amor que dedico ao meu íncrivel avô. Eu amo você.