quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

Êxtase.




A luz verde que emanava dos refletores pairava sobre aqueles cachos loiros, transformando-os, enquanto seu dono os balançava pra lá e pra cá no ritmo de uma melodia que invadia impiedosamente meus ouvidos, fazendo-me ficar imóvel. Observei mais que atentamente cada curva dos seus braços, cada movimento sinuoso com as mãos, desejando poder tocá-lo pelo menos por um segundo. Aquela voz sensual e aguda me envolvia, arrastava, levava-me pra mais perto. Eu podia senti-la me abraçando e prendi a respiração, para que nenhum movimento pudesse tirá-la dali. Ele dançava, como se a música estivesse invadindo-o também, e meus olhos acompanhavam cada passo que ele dava. Parei quando senti meus dedos tremerem, meus braços formigarem e uma sede insana. Parei, antes que ficasse "estupefato e confuso". Eis que agora me entregarei a 33:43 minutos de mais uma obra de arte. Feliz por uma dia tê-los conhecido e por conseguir traduzir, mesmo que de maneira singela, o êxtase pelo qual acabei de passar.